A iniciativa de criação do Museu das Culturas Indígenas (MCI) se materializou a partir do segundo semestre de 2021, impulsionado por mobilizações indígenas pelos direitos ao território e à educação diferenciada, que aconteceram paralelamente à projeção das artes indígenas no contexto artístico-cultural de São Paulo. No diálogo entre lideranças indígenas, gestores públicos e representantes do Instituto Maracá se concretizou a proposta de estruturação de uma unidade museológica estadual, que desde o início de seu planejamento e implantação contou com o protagonismo, participação e colaboração indígenas, através do Conselho Indígena Aty Mirim, cuja formação teve início em fevereiro e se concluiu em dezembro de 2022.
Os documentos norteadores do museu têm como objetivo orientar a estruturação do MCI a partir de princípios éticos e políticos comprometidos com o respeito à diversidade cultural, com a efetivação dos direitos indígenas e com a gestão pública. Nessa perspectiva, os parâmetros teórico-metodológicos que estruturam o MCI são pautados pelos princípios da participação, da colaboração e do protagonismo de povos e movimentos indígenas em todas as etapas do processo museológico.
Considerados os desafios políticos, técnicos e institucionais da interlocução entre o Estado e os povos indígenas, o Conselho Indígena Aty Mirim é a instância na qual têm se construído mecanismos de escuta, consulta e a formulação de uma agenda propositiva de trabalho comprometida com os direitos dos povos indígenas. Tem atuado visando a promoção de uma co-gestão indígena desta instituição museológica estadual, contemplando os projetos cosmopolíticos de educação, memória, culturas, artes, patrimônio etc. associados às lutas dos povos indígenas na sua diversidade.
COMPOSIÇÃO DO CONSELHO INDÍGENA
O Conselho Indígena Aty Mirim foi criado pelo Resolução SC nº 57 de 21 de dezembro de 2022, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo – DOE/SP, no dia 23 de dezembro de 2022, na página 61). É composto por 34 conselheiros, sendo 18 homens e 16 mulheres, representantes de Territórios Indígenas localizados da Região Metropolitana de São Paulo, Vale do Ribeira, Litoral Norte, Litoral Sul e Oeste Paulista, abrangendo integrantes dos povos Guarani Mbya, Guarani Nhandeva, Tupi-Guarani, Kaingang, Krenak, Pankararu, Terena, Pataxó e Wassu-Cocal.