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Programa de Educação Patrimonial

O Museu das Culturas Indígenas é uma instituição destinada à organização de fóruns, debates e diálogos entre as comunidades indígenas e a sociedade brasileira voltados a um maior conhecimento sobre a realidade dos povos indígenas. As atividades de formação museológica, patrimonial e produção de narrativas constituem um importante eixo do programa educativo do Museu das Culturas Indígenas, realizado através do Núcleo de Transformação e Saberes – NUTRAS/MCI. O Grupo de Trabalho Educativo e de Formação do MCI, composto por equipe técnica, Conselho Indígena Aty Mirim e consultores contratados, tem como desafio, dentre outros, implantar linhas de ação que promovam uma formação continuada para povos indígenas em Memória e Museologia Indígena e Comunitária, apoiando a qualificação, a potencialização e a criação de processos com memória gerido pelos próprios povos em seus territórios e no MCI.

O programa busca fornecer e desenvolver ferramentas e estratégias para que as comunidades indígenas possam traduzir suas riquezas culturais para a linguagem das instituições culturais, ao mesmo tempo em que transpõe de forma acessível a importância do Patrimônio Cultural e as técnicas da patrimonialização para o acesso e uso das comunidades locais.

A salvaguarda do patrimônio cultural figura como um objetivo indispensável em direção ao reconhecimento da importância da diversidade cultural e do respeito às especificidades das tradições e transformações de cada cultura. O reconhecimento dessa diversidade atua contra a homogeneização e hierarquização de culturas, e o Museu das Culturas Indígenas surge em confluência com essa atuação, a partir da reivindicação direta dos povos indígenas do estado de São Paulo, por um espaço de possibilidade de desconstrução de pensamentos pré-estabelecidos e estereotipados, e com a mesma importância, de valorização da história, cultura, patrimônios e criações indígenas. Diagnostica-se na sociedade o impedimento, em meio a processos violentos de colonização, do acesso dos povos indígenas à direitos básicos, como a educação e saúde adequadas às especificidades culturais. Isto se reflete no diminuto número de indígenas formados em cursos voltados para a área do patrimônio cultural, sejam em cursos de museologia ou demais ciências humanas.

Observa-se no geral, e especificamente entre os povos indígenas envolvidos no Museu das Culturas Indígenas, a demanda por espaços de formação técnica e de troca de saberes. Decorre daí a importância de que uma qualificação técnica seja viabilizada, sem contanto perder de vista a especificidade dos conhecimentos indígenas e sua forma de transmissão de saberes.

A criação de museus a partir de processos protagonizados por movimentos indígenas atualmente se destaca no cenário nacional e internacional. A partir do momento em que povos indígenas formam suas próprias coleções, as atribuem sentidos e criam museus, o antigo discurso colonialista dos museus tradicionais cede espaço para uma representação sobre si, uma construção em primeira pessoa dos povos indígenas sobre eles próprios. Esta ruptura política e conceitual abriu um importante espaço para uma revisão do olhar antropológico sobre o “outro” construído através da cultura material. Nesse sentido, diversos povos vêm se apropriando de diversas ferramentas de representação, como a construção de museus e outros espaços, associadas à aprendizagem, implementação e transformação de mecanismos de administração e gestão de suas memórias e patrimônio cultural.

Este programa busca, através da educação patrimonial, aumentar espaços de diálogo para que diferentes povos indígenas possam se apropriar dos conceitos que circulam na área da preservação do patrimônio cultural. Dessa maneira espera-se atuar contra a desvalorização das práticas culturais indígenas na sociedade brasileira e apoiar o reconhecimento das comunidades enquanto protagonistas no processo de identificação de suas referências culturais. Encontros locais são importantes para difundir as concepções de acervo e patrimônio para além dos limites do MCI, de modo a possibilitar maior participação e autonomia das comunidades indígenas. As atividades de formação museológica, patrimonial e produção de narrativas, assim, constituem um importante eixo do programa educativo do Museu das Culturas Indígenas, realizado através do Núcleo de Transformação e Saberes – NUTRAS/MCI.

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