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Museu das Culturas Indígenas inaugura instalação que une arquitetura, natureza e saberes ancestrais

Instalação inédita valoriza recursos naturais como ferramenta para bioeconomia, cultura e economia criativa no desenvolvimento das comunidades indígenas; a visitação está aberta para o público de terça a domingo, das 9h às 18h; às quintas até às 20h.

Instalação “Cobertura Lilases” no pátio do Museu das Culturas Indígenas. Foto: Leandro Karaí Mirim/Acervo MCI

São Paulo, junho de 2025 – O Museu das Culturas Indígenas (MCI) inaugura a instalação Cobertura Liliales, uma obra que traduz em arquitetura viva a conexão profunda entre os saberes ancestrais, os recursos naturais e as práticas contemporâneas de sustentabilidade. O MCI é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.

Inspirada nas formas orgânicas da família botânica das Liliales — conhecidas por sua elegância, simetria radial e presença marcante na natureza tropical —, a instalação convida o público a refletir sobre como as comunidades indígenas têm historicamente desenvolvido tecnologias sociais, culturais e econômicas a partir da observação da natureza e do uso responsável dos recursos naturais, reforçando o protagonismo dos povos indígenas na construção de modelos regenerativos de desenvolvimento, que aliam cultura, bioeconomia e criatividade.

Composta por pétalas modulares que simulam formas naturais, a instalação se torna também um convite sensorial. Ao caminhar sob a cobertura, o visitante experimenta uma sensação de abrigo que dialoga com as florestas, as aldeias e a própria ideia de casa — une território, cultura e mundo compartilhado.

Vista de baixo da instalação. Foto: Leandro Karaí Mirim/Acervo MCI.

A estrutura foi projetada em pétalas compostas por ripas de bambu Dendrocalamus Asper, com técnicas sustentáveis como junta seca, amarrações manuais e ferragens invisíveis. O projeto representa um encontro entre tradição, inovação e respeito ao meio ambiente, fundamentado nos princípios da biomimética — que se inspira nos sistemas da natureza para solucionar desafios humanos — e do design biofílico, que busca criar espaços que estimulam uma conexão sensorial e afetiva com o ambiente natural.

Bioeconomia, cultura e futuro: os saberes ancestrais como tecnologia de inovação

A instalação é fruto da oficina Construções Sustentáveis – Bambu, realizadas no MCI em maio de 2025, com mediação do estudante de Arquitetura e Urbanismo indígena Jorel Baré, em parceria com as empresas Bambooline e Combambu, referências nacionais em arquitetura sustentável com bambu. A atividade reuniu participantes interessados em aprender e colaborar na construção, promovendo a troca de saberes técnicos, ancestrais e contemporâneos.

Para os povos indígenas, o uso sustentável de matérias-primas como o bambu é uma prática ambiental e um modelo de desenvolvimento econômico alinhado à bioeconomia, que prioriza a conservação da biodiversidade, o fortalecimento das cadeias produtivas locais e a geração de renda de maneira ética, justa e circular.

A Cobertura Liliales é, portanto, mais do que uma obra arquitetônica — é uma manifestação da economia criativa indígena, que articula arte, design, saberes ancestrais e sustentabilidade, mostrando que as soluções para os desafios climáticos e sociais do presente estão profundamente enraizadas nos modos de vida dos povos originários.

Cultura, tradição e inovação de mãos dadas

Jorel Baré, estudante de Arquitetura e Urbanismo indígena do povo Baré, de São Gabriel da Cachoeira (AM), destaca que construções como a Cobertura Liliales são exemplos de como os conhecimentos dos povos originários se atualizam e dialogam com as demandas contemporâneas. “Na nossa comunidade, usamos tradicionalmente matérias-primas como a palmeira Tukum e a Paxiúba para criar instrumentos e construções. O bambu é uma opção viável que permite manter nossa cultura e proteger o meio ambiente. Essa troca de saberes é essencial para o futuro das nossas comunidades e do nosso planeta”, afirma Jorel Baré.

As empresas Bambooline e Combambu, parceiras no projeto, reforçam que o trabalho conjunto possibilita o desenvolvimento de soluções inovadoras, que valorizam a sustentabilidade ambiental e a diversidade cultural, contribuindo para ampliar as possibilidades de atuação da bioeconomia no campo da arquitetura, do design e das expressões culturais.

Representadas, respectivamente, por Amanda Moura e Aurélio Pimentel, ambas vêm unindo forças para ampliar o uso desse material versátil e ecológico em obras de alto padrão. Juntas, oferecem uma ampla gama de produtos – incluindo varas tratadas ou in natura, estacas, ripas, forros e revestimentos – além de serviços especializados de instalação e manutenção. Com foco em qualidade, inovação e responsabilidade ambiental, suas soluções vêm ganhando espaço em projetos que aliam sofisticação e consciência ecológica.

Essa parceria esteve presente nas principais mostras de arquitetura e design do país. Em 2024, marcaram presença na CASACOR com o “Jardim dos Quatro Elementos”, ambiente assinado pelo paisagista Tiago Borges, onde o bambu foi protagonista em estruturas esculturais e soluções paisagísticas. Já em 2025, apresentaram a coleção Liliales, uma linha inédita de revestimentos em bambu, durante a ExpoRevestir e a Haus Decor Show, reforçando seu compromisso com a inovação no mercado de produtos sustentáveis.

SERVIÇO

Instalação “Cobertura Liliales”

Data e horário: 01/06 a 03/08/2025, das 09h às 18h (quintas, até às 20h)

Sobre o MCI

Localizado na capital paulista, o Museu das Culturas Indígenas (MCI) é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari – Organização Social de Cultura, em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Aty Mirim.

Museu das Culturas Indígenas

Endereço: Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca – São Paulo/SP

Telefone: (11) 3873-1541

E-mail: contato@museudasculturasindigenas.org.br

Site: www.museudasculturasindigenas.org.br

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