BOLETIM 07 – Brincadeiras Indígenas no Museu das Culturas Indígenas
As brincadeiras são de extrema importância para a formação das nossas crianças. Não se trata apenas do brincar, mas também do aprender e desenvolver, podendo também mostrar a diversidade cultural dessas brincadeiras.”
Ynaiê Máximo (Wassu-Cocal) – Mestre de Saberes do Museu das Culturas Indígenas
O Museu das Culturas Indígenas recebe um público diverso, composto por pessoas de diferentes idades, proporcionando experiências que contribuem para a transformação do olhar e do pensamento em relação aos povos indígenas. A interação com cada tipo de público ocorre de maneira única, tornando a visita ainda mais significativa para cada visitante.
Para as crianças que visitam nossa Tava, a casa de transformação, buscamos oferecer momentos de troca, repletos de informações valiosas, além de momentos de diversão. Nas grandes cidades, a rotina agitada muitas vezes limita os espaços e tempos para que as crianças possam se movimentar, se desafiar e brincar. No MCI, buscamos ampliar esses espaços, compartilhando o conhecimento sobre as diferentes concepções de infância em diversas culturas indígenas, seja durante as visitas em grupo ou nas programações mensais.
Em outubro, mês dedicado às crianças, preparamos uma programação especial. A oficina de criação de petecas, realizada no dia 12 de outubro, reuniu as crianças em torno deste jogo de origem indígena, muito comum no Brasil. O processo de criação envolveu materiais simples e diversos, como fibras naturais e penas de aves. Jaxuká Mirim, mulher indígena Guarani Nhandeva, trouxe as técnicas utilizadas por seu povo na confecção desses objetos.
As brincadeiras apresentadas nessa programação permitiram que as crianças não apenas se divertissem, mas também entrassem em contato com o processo de criação dos itens utilizados nas brincadeiras, além das histórias e cosmovisões que permeiam esse contexto. Essa aproximação entre as atividades realizadas no Museu e as brincadeiras nas aldeias indígenas vai além da diversão, pois envolve visões de mundo e contribui para a preparação do corpo físico, espiritual e mental para a vida cotidiana e para a vida adulta.
Além disso, é importante ressaltar que as brincadeiras são registros culturais vivos. Embora variem entre culturas e povos, é possível encontrar semelhanças entre elas. Às vezes, a diferença está apenas na função, no objetivo ou na narrativa de cada brincadeira para uma determinada cultura. Seja para o desenvolvimento de habilidades motoras, criatividade, coragem ou outros aspectos, o brincar contribui para o aprendizado e para a transmissão das diversas formas de compreender o mundo e a vida.
Com isso em mente, o Núcleo de Transformação e Saberes (NUTRAS) está desenvolvendo a coleção “BEM-VIVER”, composta por cadernos temáticos voltados para o uso pedagógico. Os conteúdos desses cadernos são fruto das pesquisas, partilhas e conhecimentos da equipe indígena do NUTRAS e de suas respectivas comunidades. Esses saberes são expressos por meio de textos, narrações, ilustrações e propostas de atividades. O primeiro lote da coleção, com 4 cadernos temáticos, será lançado ainda em 2024. O primeiro caderno abordará justamente as brincadeiras, apresentando a diversidade de instrumentos lúdicos e a potencialidade pedagógica das atividades indígenas.
Finalmente, como parte da programação de janeiro, teremos mais uma edição do Férias na Tava, uma vivência com os Mestres de Saberes do MCI, oferecendo uma série de atividades educativas e culturais. Entre elas, estarão jogos, brincadeiras, contação de histórias e pinturas corporais, proporcionando às crianças um mergulho no universo da infância indígena.