Com participação de Ailton Krenak, encontros discutem o apagamento e a revitalização das línguas indígenas
Museu das Culturas Indígenas recebe o evento Língua Mãe em 18/05 e 19/05, com representantes de diversas etnias dos povos originários; Iniciativa é parte da programação da 22ª Semana Nacional de Museus (SNM)
São Paulo, maio de 2024 – O reconhecimento, a importância e a revitalização das diversas línguas indígenas serão pauta do evento Língua Mãe, com curadoria de Ailton Krenak, Suely Rolnik e Andreia Duarte. O encontro ocorre em 18/05 e 19/05, das 10h às 18h, no Museu das Culturas Indígenas (MCI) — instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim. Os ingressos são limitados e as vagas podem ser consultadas aqui.
Parte da programação da 22ª Semana Nacional de Museus (SNM), Língua Mãe é descrito pelos curadores como um “encontro-ritual” e conta com a participação de representantes de diferentes territórios indígenas, entre eles Maxakali, Krenak, Guarani, Tupi, Baniwa, Kokama, Pataxó, Terena, Kaingang, Xavante, Guajajara
Pesquisadores e ativistas das línguas indígenas também entram na discussão para tratar da monocultura da língua portuguesa. “Essa semente das línguas nativas, ela sempre esteve dormindo no meu coração. Minha etnia, meu povo Krenak, sofreu um desastre na história do contato com a língua dos colonos, dos vizinhos: ela foi comendo a memória linguística dos nossos avós, dos nossos bisavós, ao ponto da minha geração, que está agora com 70 anos, não ser mais falante desde criança da língua”, diz Krenak. “Portanto, da mesma maneira que eu reivindico um direito territorial, reivindico também um direito subjetivo da linguagem”, completa
A expectativa é colocar em circulação o ativismo indígena para o enriquecimento da paisagem linguística do país. Em 1987, Ailton Krenak, em discurso na Assembleia Legislativa, ajudou a garantir os direitos dos povos indígenas na Constituição de 1988. Agora, mais de 35 anos depois, ele diz que com esse evento, resultado de ser laureado com o Prêmio Prince Claus Fund e sua entrada como membro da Academia Brasileira de Letras, se abre um leque de possibilidades “de incidir sobre o tema das línguas indígenas no Brasil que eu não vou dispensar de jeito nenhum” porque a língua, como ressalta, “relaciona fenômenos da cultura, do conhecimento e da identidade”.
PROGRAMAÇÃO
18/05 (sábado)
Abertura – Horário: 10h
Instituto Maracá – Cristine Takuá e Carlos Papa (Terra Indígena Rio Silveira, Bertioga – SP)
Antes do Tempo Existir – (Performance artística baseada no espetáculo de mesmo nome), com Lilly Baniwa (Campinas – SP)
Apresentação com Ailton Krenak (Terra Indígena Krenak, Resplendor – MG)
Encontros
Nhe`e – palavras-espíritos ou cápsulas das “boas palavras”
Horário: 11h às 13h30
Convidados/as: Saulo Guarani (Terra Indígena Rio Silveira, Bertioga – SP); Catarina Cunhã Nymbopy’ruá (Terra Indígena Piaçaguera, Peruíbe – SP); Davi Popygua (Terra Indígena Jaraguá, São Paulo – SP).
Moderação: Carlos Papa (Terra Indígena Rio Silveira, Bertioga – SP)
O primeiro encontro de Língua Mãe terá representantes do povo Guarani, os anfitriões territoriais. A discussão vai girar em torno da linguagem Guarani na construção do bem-viver e como essa prática acontece no tensionamento das políticas coloniais que seguem silenciando as linguagens indígenas para impedir a afirmação de sua potência, invibilizar a memória e a resistência destes povos.
Línguas-espíritos e as tecnologias ancestrais na revitalização das línguas indígenas
Horário: 15h às 17h
Convidadas: Ana Suelly (Universidade de Brasília – BSB); Altaci Kokama (Coordenação Geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas do Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas – BSB); Anari Pataxó (Membro do Grupo de Pesquisadores Pataxó – Atxohã e do GT Nacional para Década das Línguas Indígenas Brasil – MG).
Moderação: Cristine Takuá (Terra Indígena Rio Silveira, Bertioga – SP)
O encontro visa refletir sobre os saberes das línguas indígenas na produção dos seus modos de existência e mostrar como os trabalhos de revitalização dos idiomas são feitos a partir de metodologias, mapeamentos, registros e tecnologias baseadas, especialmente, nos sonhos, nos rituais e nas línguas-espíritos.
Saudação dos MestreS de SabereS do Museu das Culturas Indígenas
Horário: 17h às 18h
Mestres de Saberes irão fazer uma saudação na própria língua, finalizando o dia com um canto e roda junto com o público.
19/05 (domingo)
Um pé no mundo outro na aldeia: indígenas em situação urbana
Horário: 10h às 12h
Convidados/as: Auritha Tabajara (Guarulhos – SP); Dario Machado Terena (Terra Indígena Araribá, aldeia Kopenoti. Avaí – SP); Gilberto Tupi-Guarani (Aldeia Multiétnica Filhos Desta Terra, Guarulhos – SP); Márcia Kaingang (Campinas – SP).
A conversa abordará o resgate das línguas adormecidas, com discussões sobre estratégias pedagógicas desenvolvidas nas escolas indígenas, os efeitos da presença indígena nas universidades, tanto na formação de professores, quanto nas pesquisas, dissertações e teses, bem como os diálogos com anciãos comunitários, que emergem das convivências multiétnicas e multilinguísticas.
O sentido do Nhe`e
Horário: 15h às 17h
Convidado/a: Carlos Papa (Terra Indígena Rio Silveira, Bertioga – SP); Suely Rolnik (PUC – SP)
Carlos Papa e Suely Rolnik comentarão o sentido do Nhe`e – “boas palavras” na cosmologia Guarani, ou “palavralmas”, como propõe Rolnik, em diálogo com a cultura Guarani. O exemplo do Nhe’e permite revelar que os termos da língua Guarani são cápsulas-embriões em estado potencial de germinação de novos sentidos, em resposta às demandas da vida e seus efeitos no corpo, respostas conduzidas pela perspectiva primordial do bem viver.
Grupo Miitxya Fulni-ô (Águas Belas-PE) – Virada Cultural
Horário: 17h às 18h
O povo Fulni-ô é de Águas Belas, interior de Pernambuco, onde há 13 etnias com cerca de 5 mil pessoas. São conhecidos pela sua luta, artesanatos, cantos fortes, danças e o ritual sagrado Ouricuri, que atualmente realizam em sigilo. A língua materna é a Yaathê, essencial para a manutenção de seu modo de vida. O Grupo Miitxya Fulni-ô apresentará a dança Toré, entoando cantos (cafurnas). Após a apresentação, o grupo explicará a importância do idioma falado para sua cultura.
A série de encontros é uma realização do Prince Claus Fund e da Outra Margem, com o apoio do Museu das Culturas Indígenas.
SERVIÇO
São Paulo
Dia 18/05 (sábado): das 10h às 18h
Dia 19/05 (domingo): das 10h às 18h
Local: Museu das Culturas Indígenas do Estado de São Paulo
R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca
Ingressos: Entrada gratuita com reserva pelo Sympla:
Sobre o MCI
Localizado na capital paulista, o Museu das Culturas Indígenas (MCI) é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari – Organização Social de Cultura, em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Aty Mirim.
Museu das Culturas Indígenas
Endereço: Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca – São Paulo/SP
Telefone: (11) 3873-1541
E-mail: contato@museudasculturasindigenas.org.br
Site: www.museudasculturasindigenas.org.br
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