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BOLETIM 04

FOLHAS, CAMINHOS E PALAVRAS – Temáticas Indígenas na Educação

educadoras sentadas no chão aprendendo brincadeiras
Educadoras aprendem brincadeiras com Mestre dos Saberes – Agosto 2023

“A Sociedade brasileira tem uma necessidade de ser reeducada, de reaprender uma coisa muito essencial que é o respeito a todas as formas de vida. O Museu das Culturas Indígenas pode contribuir muito para que as escolas possam começar a acessar conhecimentos, saberes … E como lidar com a temática indígena dentro da sala de aula. Então nós temos essa missão muito grande dentro da TAVA, que é a casa da transformação, de servir como uma ponte entre mundos.”

Cristine Takuá – Instituto Maracá

O Núcleo de Transformação e Saberes do Museu das Culturas Indígenas (MCI-NUTRAS), composto pelos setores educativo e de formação do Museu, dedica-se às atividades que têm como foco a transmissão, partilha de saberes e experiências entre educadores, mestres, artistas,comunidades indígenas e a sociedade.

Os educadores desempenham um papel fundamental como nossos principais parceiros na abordagem das lacunas existentes na sociedade em relação à compreensão das histórias e das culturas indígenas, visto que a escola é um ambiente propício para a exploração dessas temáticas. Reconhecemos, entretanto, que as deficiências presentes na sociedade também permeiam os ambientes de formação de educadores e os recursos utilizados nesse processo.

Mesmo após 15 anos da promulgação da lei n° 11.645/2008, que determinou a inclusão do ensino da história e cultura indígena à legislação, que também sinalizava a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas afro-brasileiras, a demanda para que educadores complementem sua formação é grande.

Com a intenção de colocar em discussão visões homogêneas, preconceituosas, distorcidas, caricatas e estereotipadas formuladas a respeito dos povos indígenas, além de possibilitar a ampliação de repertórios teóricos, de conteúdo e acerca dos saberes de diferentes povos, desde outubro de 2022 o Museu das Culturas Indígenas vem realizando um ciclo formativo mensal voltado para temáticas indígenas na educação. As oficinas e atividades mensais para formação de educadores, em consonância com a lei nº 11.645/2008, são realizadas pelos Mestres dos Saberes (educadores indígenas do MCI), dividindo-se em duas turmas: uma voltada para a educação infantil e outra para as demais séries, e tem como objetivo uma abordagem mais ampla, trazendo ao público-alvo uma aproximação inicial com os universos indígenas trazidos pelos Mestres.

Para proporcionar uma formação mais aprofundada, o MCI criou um curso de 30 horas de duração, distribuídas em cinco sábados nos meses de outubro e novembro de 2023. O curso será voltado aos educadores e professores, contribuindo assim para a formação continuada.

Será uma oportunidade para que indígenas e não indígenas compartilhem saberes e experiências, refletindo sobre a desconstrução de paradigmas da educação e imaginando como esses saberes e práticas podem se complementar.

O curso “FOLHAS, CAMINHOS E PALAVRAS – Temáticas Indígenas na Educação” foi elaborado pelas equipes educativa, de formação, e em conjunto com membros do Conselho Aty Mirim, que atuam ou atuaram nas áreas da educação tradicional e escolar. Essa participação dedica-se ao mesmo pressuposto no qual o MCI se fundamenta: de que todos os espaços tenham a presença e a voz das comunidades indígenas que compõem o museu. Todas as aulas serão mediadas por educadores e educadoras, lideranças, mestres e mestras indígenas dos saberes tradicionais de diversos povos, que compartilharão também estratégias educativas, metodologias e visões de mundo.

As temáticas organizam-se em torno de eixos considerados importantes para articular saberes diversos, conectando entre si as formas indígenas de conhecer, ensinar e aprender os saberes delimitados no currículo escolar. A intenção é que as fronteiras das disciplinas escolares se abram, para que abordem de maneira mais integrada as histórias, técnicas e concepções sobre geografia, botânica, zoologia, práticas de saúde e educação, artes, brincadeiras, dentre muitos outros assuntos e modos de compartilhar saberes. Esses eixos são: Tempo; Cantos e Sonhos; Palavras; Corpos; Folhas; Práticas em educação; Rios e Caminhos. Também serão compartilhadas referências bibliográficas e audiovisuais, incluindo um material de apoio para educadores elaborado pela equipe do NUTRAS.

Referência:

BRASIL. Lei Nº 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

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